A impossível conquista
Eu a vi sentada à sombra de uma árvore,
Naquela rua esquecida
Do meu bairro. Eufórico, vinha assobiando
Minha canção preferida.
Ela estava ali, intacta, irresistível,
A jovem itinerante,
Que nem fonte que refresca e dessedenta
O sequioso caminhante.
Ela estava ali, a bela criatura,
Cheia de vida e de graça,
Tal qual uma fruta, à beira do caminho,
Que se oferece a quem passa.
Mas eis que, entre a mão e a fruta e a boca e a fonte,
Se ergue um muro intransponível:
Junto à moça, um cão feroz, com seu olhar,
Traça um círculo terrível...
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 15/03/86