Um grito no deserto
Não ficarei magoado
se não leres os meus versos.
Que soem como um brado
perdido no deserto...
Bem sei, fustiga o mundo
o furacão da pressa;
já não sobra um segundo
para a palavra impressa.
Melhor gravar num muro
estas quadras sem trilho;
pode ser que no escuro
desprendam algum brilho.
Pode ser que algum louco,
lendo-as, diga e sorria:
- Ainda existem loucos
escrevendo poesia!
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 25/07/89