As vozes do mundo

 

As vozes do mundo chegam até mim.

As dos que cantam e as dos que choram.

As dos que pecam e as dos que oram.

As dos que destroem e as dos que edificam.

As dos que partem e as dos que ficam.

Vozes vizinhas, vozes distantes,

de todas as plagas,

de todas as gentes,

a cada hora, a cada instante.

 

Será som de catadupa

que tomba desesperada,

esse que chega a meus ouvidos?

- Não, são as vozes do mundo

que, em tropel, avançam

ecoando no azul profundo...

 

Ah, desconcerto sem nome!

Ah, polifonia bárbara,

que me apunhala e consome!

Ouço vozes de crianças

chorando de frio e de fome.

 

Domingos Paschoal Cegalla

Rio, 15/08/94

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