Obstinação

 
Eu a vi sair da mata,
Saudar a luz matinal.
Ainda mantinha intacta
A pureza original.
 
Lépida, vinha cantando,
Por entre pedras corria,
Mil estorvos superando
Com pertinez ousadia.
 
Não vivia em mar de rosas:
Sempre apressada. Pudera!
Quantas bocas sequiosas
Estavam à sua espera!
 
Antes de chegar ao mar,
Quantos grãos para cozer
E corpos para lavar
E máquinas que mover!
 
O rumo que ela seguia
Acompanhei com emoção:
Quanta grandeza existia
Naquela obstinação!
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 17/01/86

Tópico: Obstinação

Nenhum comentário encontrado.

Novo comentário