Enigma

 
Venho do fundo dos tempos,
Seduzindo e escravizando
Gente sábia e gente rude.
Tenho encantos, sortilégios,
Amavios e virtudes.
Plantei rubros estandartes
No céu, na terra, no mar,
Em todas as latitudes.
 
Para os ávidos mortais
Sirvo, em finas taças de ouro,
Em solenes rituais,
Ora néctares divinos,
Ora venenos fatais.
 
Sou um mistério insondável,
Desafiador enigma,
Um paradoxo da sorte:
Para uns eu trago a vida,
Ai! para outros, a morte.
 
Ateio rivalidades,
Gero lutas no universo,
Sou fonte de desatinos
Mas também de atos sublimes,
Cantados em prosa e verso.
 
Montando corcéis alados,
Ou em velozes veleiros,
Vou percorrendo este mundo,
Nos corações desferindo
Flechas e dados certeiros.
 
Venho da origem das coisas,
Pelejei combates rudes,
Plantei rubros estandartes
No céus, na terra, no mar,
Em todas as latitudes.
 
Brilho, esplendo, irresistível,
No sorriso das crianças
E no corpo das mulheres.
Homem de eternas andanças,
Decifra-me, se souberes!
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio,12/09/85

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