Violência na telinha
Contrastando a paz da noite,
o quadrinho colorido
era um cenário de guerra:
explosões de ódios, gritos,
projéteis ceifando vidas,
corpos rolando na terra.
A mente estava cansada,
a vista, violentada.
Enojado, desliguei
o mágico aparelhinho
quando os galos já saudavam
o luar da madrugada.
Noite insone, pesadelos:
balas sibilando no ar;
entre fuzis fumegantes,
monstros cortando mortalhas;
tanques sulcando planícies,
sangue, fragor de batalhas.
Afinal a luz do sol
infiltrou-se no meu quarto,
afugentou os espectros,
pôs fim à minha agonia.
E ouvi o canto dos galos
pacificando o meu dia.
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 25/06/94