A vida pesquisada
Perguntei a uma criança,
toda entregue à seus folguedos,
o que pensava da vida.
Respondeu com segurança:
- A vida são meus brinquedos.
Perguntei a um agiota
como definia a vida.
Com sotaque de estrangeiro,
respondeu de cara imota:
- Pra mim a vida é dinheiro.
- O que é pra você a vida?
perguntei a uma morena,
em seus dias de esplendor.
Respondeu, firme e serena:
- Pra mim a vida é amor.
Quis saber de um pessimista
da vida sua concepção.
- A vida, disse, é um mistério,
miragem, pura ilusão;
é um paradoxo, um nó cego
difícil de desatar.
Ou acaba num cemitério
ou nas profundezas do mar.
Perguntei a um asceta,
meio monge, meio poeta,
que idéia tinha da vida.
- A vida, disse, é uma escada,
desprezível aos ateus,
íngreme, rude, apertada,
pela qual se sobe a Deus.
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 11/08/94