O rochedo

 
Ali se encontra o rochedo
Desde a gênese do mundo,
Ancorado, como um barco,
Nas águas do mar profundo.
 
Lambem-lhe as ondas os flancos,
Docemente, na bonança;
Martelam-no duramente,
Se a procela ruge e dança.
 
Zomba, impávido, das fúrias
Que os ventos desencadeiam,
O rochedo, indiferente
às vagas que o chicoteiam.
 
Cesse, porém, a tormenta,
Desça a calma sobre o mar,
E as ondas mais o rochedo
Logo se põem a cantar.
 
Como esse penedo altivo,
No pélago acorrentado,
Assim há de ser o poeta,
Rindo do mal, na tormenta,
Cantando quando o alenta
O azul do céu estrelado.
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 03/10/85

Tópico: O rochedo

Nenhum comentário encontrado.

Novo comentário