Iam chegando os pacientes
- condenados arrastando pesadas correntes.
Entravam a passos inseguros e lentos,
a dor estampada nos rostos macilentos.
As secretárias atendiam, distantes,
indiferentes às duas dores.
Eles erguiam os olhos para os nomes dos doutores,
cravados na parede, em letras metálicas, brilhantes.
Entrevia-se nos seus olhos pávidos
um clarão de esperança, alívio de seus males:
para aqueles infelizes,
vítimas de tantos abalos,
só os doutores, como eles frágeis e falíveis,
poderiam quebrar-lhes os grilhões e libertá-los.
Aos ouvidos dos pacientes
as claras vozes juvenis da escola em frente
soavam como um hino ao vigor, à saúde:
nunca lhes pareceu tão bela a juventude.
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 25/09/1985