A rolinha

Mal o vento varreu as brumas frias
do mês de agosto, de cariz sinistro,
veio a rolinha, construiu seu ninho
na paz da jardineira - oh que tolinha! -
suspensa na janela deste escriba,
pra sorte dela, um fã da ecologia.
Nele botou dois ovos pequeninos
e a chocá-los se pôs, maternalmente.
 
Em tudo a primavera se anuncia.
Os ninhos cairão na terra fria,
os das aves e os nossos fatalmente,
mas a vida prossegue eternamente...
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 18/09/1993