Palavra versus poesia

Ela é onipresente,
mas a bem poucos é dado vê-la.
Está no oriente e no ocidente,
oculta na flor como na estrela.
 
Mal lhe pressinto a presença,
meus olhos em descobri-la insistem,
mas as palavras, ou são pequenas,
ou impotentes, ou não existem.
 
Caprichosa, imprevisível,
roça-me a face quando lhe apraz.
Aragem fresca, fluido invisível,
mesmo sabendo que é inatingível,
sigo-lhe o rumo, corro atrás.
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 14/05/1994