Poema carcerário

 
Aos que o destino mergulhou
No lago das iniqüidades
Levai-os ao reino do verde.
Inundai-lhes os olhos e a alma
De verde, de abundante verde,
Que às feras não deve faltar.
 
Confinai-os em verdes ilhas,
Jamais em cárceres sombrios.
Tirai-lhes as armas da morte,
Dai-lhes ferramentas de vida
Com que façam brotar na terra
O pão que os há de alimentar.
 
O verde tem o sortilégio
Da lira do divino Orfeu:
Até as feras mais bravias
Se entregarão ao seu fascínio.
Às feras mais enfurecidas
O verde há de pacificar.
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 07/09/86

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