Viagem
Na poltrona que era minha,
por ter perdido a passagem,
sentou-se a linda menina,
a paixão de minha vida,
e iniciou-se a viagem.
Ah! destino inviolável!
Mais fácil frear o vento
que brinca no espaço, ao léu,
do que revogar a escrita
gravada a fogo no céu.
Viu-se a soberba aeronave,
repleta de belos sonhos,
o grande espaço singrar.
Viu-se o pássaro explodindo,
envolto em chamas, caindo
na sepultura do mar.
Nas águas indiferentes
ficou a mais bela flor.
Na terra, vozes plangentes
e este coração ferido,
solitário, órfão de amor.
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 06/07/94