Impolido espelho impoluto

 
Marca a passagem do tempo
Como pontual relógio.
Para uns é passatempo,
Para outros, necrológio.
 
Na aparência, é sem maldade,
Polido, liso, cortês;
Porém, na realidade,
É áspero, descortês,
 
Pois diz, na cara da gente,
As falhas que a gente tem.
Não sabe ser indulgente
E não perdoa ninguém.
 
A idade, que nos abala,
Proclama, sem pejo algum,
E as rugas que o tempo instala
No rosto de cada um.
 
És bela, vives em festas?
Cuidado! Também és frágil
Que nem este sedutor,
E a beleza que lhe emprestas
Tem a duração da flor.
 
Domingos Paschoal Cegalla
Rio, 08/01/86

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